Às vezes bate uma dor na alma…
Não dói como se tivéssemos caído e esfolado o joelho, também não tem nada a
ver com uma perna partida, nem tampouco com a picada de espinho da rosa que
colhemos. É uma dor que nos desfaz por dentro, devagarinho, que nos mastiga o
peito, rouba o ar dos pulmões e afoga os olhos. E nós sentimo-nos tão sós, tão
profundamente abandonadas que apetece parar o mundo, sair e adquirir por uns
tempos a existência etérea daquilo em que acreditamos e não entendemos ou mesmo
ser ar que se respira, ser brisa que sopra, ser a maresia que o vento arrasta,
ser cheiro a mar e som de onda miudinha que o tempo traz e desfaz na areia da
praia, nas horas da baixa-mar.
“Amanhã tenho natação.”
“Estarei louca?” “Como me fui
lembrar da natação?”
É o apelo à vida a rir-se daquilo
que não perdi, porque nunca tive, mas que almejei e não consegui alcançar.
“Quem sabe?! Talvez um dia… “–
diria a minha mãe se me ouvisse hoje. Di-lo-ia, não para me consolar, mas por
saber, que há na vida dias que valem muitos anos.
“Quem sabe?! Talvez um dia…”
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