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segunda-feira, 26 de maio de 2014

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E, na linha de pensamento de Robert Boutroux (séc.XIX) que afirmou que ao contrário de França em que as elites eram tudo e o povo não valia nada, em Portugal o povo era maravilhoso e as elites deixavam muito a desejar... a crónica de Ferreira Fernandes, do Diário de Notícias de hoje:

Um povo que merecia melhores líderes
por FERREIRA FERNANDESHoje

Se os juros pedidos aos países não fossem baseados na tanga, Portugal, depois do dia eleitoral, deveria ter hoje banqueiros à porta - e não seria para resgatar dívidas mas a emprestar dinheiro. A custo zero, ou quase. Já tenho idade suficiente (tenho mais de três anos, vivi os bombardeamentos de 2011: "Chiu, não assustes os mercados...") para saber medir a nossa condição: Portugal é o país social e politicamente menos assustador da Europa. Não digo que isso seja bom em tudo (tanta calmaria também atrai líderes xoninhas, de olhos baços e bananas), mas em matéria de juros, merecia tê--los baixos. Ponto. Sobretudo quando à volta é o estilhaçar da Europa: no Reino Unido a surpresa é o UKIP que quer sair da UE, em França a sulfurosa FN ganha, na Grécia são vedetas o esquerdista Syriza e a extrema-direita Aurora Dourada, populistas austríacos e caceteiros húngaros marcam, é eleito um grupo de alemães anti-UE e, talvez, um eurodeputado neoazi, os espanhóis PSOE e PP afundam... Arraial doido enquanto os portugueses não se deixam iludir com sereias e insistem em não votar com a cabeça quente. Não é fidelidade, coisa de lacaios, é prudência, qualidade hoje rara nos povos. E se há povo que tenha sido sujeito a governos sem soluções e oposições sem alternativas, é este. Sujeito, pagando com dor e raiva - mas sem desespero, como ontem mais uma vez mostrou. Que sorte, que desmerecida sorte, têm estes partidos e líderes do centrão.


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