Um povo que merecia melhores líderes
por FERREIRA FERNANDESHoje
Se os juros pedidos aos países não fossem baseados na tanga,
Portugal, depois do dia eleitoral, deveria ter hoje banqueiros à porta - e não
seria para resgatar dívidas mas a emprestar dinheiro. A custo zero, ou quase.
Já tenho idade suficiente (tenho mais de três anos, vivi os bombardeamentos de
2011: "Chiu, não assustes os mercados...") para saber medir a nossa
condição: Portugal é o país social e politicamente menos assustador da Europa.
Não digo que isso seja bom em tudo (tanta calmaria também atrai líderes
xoninhas, de olhos baços e bananas), mas em matéria de juros, merecia tê--los
baixos. Ponto. Sobretudo quando à volta é o estilhaçar da Europa: no Reino
Unido a surpresa é o UKIP que quer sair da UE, em França a sulfurosa FN ganha,
na Grécia são vedetas o esquerdista Syriza e a extrema-direita Aurora Dourada,
populistas austríacos e caceteiros húngaros marcam, é eleito um grupo de
alemães anti-UE e, talvez, um eurodeputado neoazi, os espanhóis PSOE e PP
afundam... Arraial doido enquanto os portugueses não se deixam iludir com
sereias e insistem em não votar com a cabeça quente. Não é fidelidade, coisa de
lacaios, é prudência, qualidade hoje rara nos povos. E se há povo que tenha
sido sujeito a governos sem soluções e oposições sem alternativas, é este. Sujeito,
pagando com dor e raiva - mas sem desespero, como ontem mais uma vez mostrou.
Que sorte, que desmerecida sorte, têm estes partidos e líderes do centrão.
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