Manhã, toca o telemóvel. Mal tivera tempo de
acordar e ir à varanda espreitar a ipomeia, que a cada amanhecer, continua a
saudar-me efusivamente em azul.
A “patroa” a esta hora?! Ri-me.
Sai trabalho extra para a tarde. Atendo: “Bom dia. Como está? Precisa de alguma
coisa?” Pois claro que precisava. “Pode contar. Fique descansada.” “Obrigadinha,
Isabel”.
Lembrei-me do Dr. Silvério, Diretor da Escola do Magistério Primário: “A
culpa é sua. Na tropa não se pode ser bom sargento.” Muitos anos mais tarde o
Professor Bruto da Costa disse-o de forma académica: “É muito orientada para a
tarefa”…
Porque será que, tantas luas
contadas, ainda não consegui ser promovida a oficial? Tantos anos depois, ainda
continuo a sofrer de excesso de orientação? Não haverá chá, mezinha,
comprimido, xarope, benzedura que cure a doença?
A esperança é em mim uma teimosia.
Uma manhã, alguém telefonará: “Isabel, veste roupa prática e calça sapatos para
todo o terreno. Traz os teus olhos de mata-borrão e a alma vestida de sorrisos.
Passo aí a pegar-te. Hoje vou surpreender-te."
E vamos… vamos por aí, nem que
seja a “caldo verde” pentear
macacos, como dizia em bebé a minha filha mais velha.
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