Não me peçam razões, porque não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força da maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago, Os Poemas Possíveis –
Editorial Caminho 1982
A hipocrisia das palavras que aprendemos... É isso que mais me revolta, acreditas?
ResponderEliminar(Mau feitio, bem sei...)
E somos duas :)) Com mau feitio, claro!!! Julgavas que eras só tu?
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