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terça-feira, 19 de junho de 2012

UM COPO DE VINHO POR SARAMAGO E... POR NÓS


Perfizeram-se ontem, precisamente ontem, dois anos que Saramago faleceu. Lembrando o nosso, mundialmente reconhecido, maior nome da literatura, decidi aceitar o convite de uma amiga para assinalar a efeméride, em Lisboa.

Fomos no expresso das catorze e quarenta e cinco e à chegada apanhámos o Metro. Queríamos visitar a Fundação José Saramago, sita na Rua dos Bacalhoeiros, aproveitando a entrada gratuita, que se mantém até ao fim do mês.

Subimos a escadaria de mármore branco e passeámo-nos pela exposição, onde a simplicidade de mãos dadas com o bom gosto nos fez esquecer o tempo. A espaços, pelas janelas largas, um olhar sobre o Tejo, ali tão perto, onde vaidosamente se mirava o fim de tarde alfacinha, misturado com a música de gosto duvidoso vinda do palanque montado em frente, a lembrar os Santos Populares. Estávamos na Freguesia de Santa Madalena.

Quando decidimos sair, as dezoito horas já tinham passado há muito, a Fundação estava encerrada, mas ninguém nos apressara e ainda nos agradeceram a visita.

Eu saí maravilhada. Ao conhecimento de Saramago nada acrescentara, mas a recuperação do edifício tem a grandeza da memória que alberga. Lembro-me da polémica de se ter acrescentado um andar à Casa dos Bicos. Eu acabara de visitar quatro andares onde as transparências usadas, interrompendo tantas vezes as paredes brancas, sem esquecer as cetárias, não fosse faltar a salga ao bacalhau… davam uma sensação de amplitude para mim inconcebível.

A simplicidade, como pressupõe uma longa caminhada de avanços e recuos de pensamento, de raciocínios, de análises, é a manifestação perfeita de inteligência e eu fico sempre extasiada perante a obra da conceção, que, tantas vezes, mais adivinho que vejo. E reduzida à ínfima espécie, modestamente confesso, por me reconhecer incapaz da grandiosidade da criação.

À saída, mesmo em frente, junto à oliveira onde foram depositadas as cinzas de Saramago, o grupo começara a juntar-se. Quando estávamos todos, distribuíram-se os copos, abriram-se as garrafas de bom tinto: “A Saramago e a nós” e começaram as leituras.

Houve registos fotográficos. Como, imperdoavelmente, não levei a minha câmara, terei de esperar que me enviem as fotos.

Seguiu-se o jantar e animada tertúlia. O bacalhau com grão, o entrecosto e os lombinhos de porco foram saboreados ao som das palavras de Saramago que iam sendo lidas pelos presentes.

Acabámos a dançar no arraial, em frente, a música de Quim Barreiros, satisfazendo o pedido da J.. Nem o V. e o R.  se furtaram a um pezinho de dança, ao ritmo da música da "concorrência" e eu dei comigo a tratar por tu uma professora universitária que, em tempos de uma alocução no Museu Escolar de Marrazes, me merecera as maiores mesuras.

Voltámos no expresso das zero horas e quinze minutos. 

UM COPO DE VINHO POR SARAMAGO E... POR NÓS!

2 comentários:

  1. Pela maneira como o contou... senti-me lá.
    Tchim! Tchim!

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    1. Obrigada, Rui. Se lá estivesse, tenho a certeza que teria gostado. Se soubesse faria um link para a pág do Facebook: "Um copo de vinho por Saramago e... por nós" para que pudesse apreciar as fotos e os videos. Experimente espreitar.

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