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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

REIVINDICAÇÃO


Este ano, as festas de Natal, com a toda família, aconteceram em minha casa. Quem tem filhas casadas com sogros a morar longe, nem todos os Natais tem a sorte de gozar os mimos do neto. Os outros avós também têm esse direito.

O André chegou eufórico. Abraços, beijinhos, muito entusiasmo e, à mistura, uma dose ainda maior de impaciência. De prendas, nem sombras, o Pai Natal, que nunca mais chegava, é que as distribuiria depois de jantar.

Compusemos a seu jeito o presépio das figurinhas de barro que eu fizera na mesa da varanda e, quando caiu a noite, assinalámo-lo com a luminária em forma de casa que indicaria ao Pai Natal onde deveria deixar as prendas do André e fomos cear.

À mesa, ele lembrou-se “avó já tenho a história “A que sabe a Lua?” “já?!” Admirei-me e devo ter deixado transparecer algum desapontamento na voz, porque o pai apressou-se a explicar que tinha havido uma "feira do livro" na escola e prometera deixá-lo escolher dois livros, mas o André ao ver aquele nem quisera escolher mais nenhum. Para ele, tendo em conta a promessa feita, sobrara o papel de pagar.

“A que sabe a Lua?” é uma história infantil escrita em 1993, pelo alemão Michael Grejniec, traduzida para português por Alexandre Honrado e publicada pela editora Kalandraca, no ano de 2002, fazendo parte da colecção “Livros para Sonhar”. Foi nesse ano que adquiri o livro fabuloso no aspecto gráfico, na história que conta, mas sobretudo naquilo que não diz e deixa adivinhar. É difícil, diria mesmo extremamente difícil encontrar no mercado livros infantis que reúnam com a mesma excelência as três características que referi.

O André nasceu em 2005 e logo que a idade o permitiu, começámos a encantar-nos com a história. Quis dar-lhe o livro para que, levando-o para casa, o desfrutasse a seu belo prazer, mas a mãe teve uma ideia melhor “essa história é da avó e sempre que cá vieres ela contar-ta-á de novo, será melhor assim”. E foi! A partir de então, por conta da curiosidade que a Lua suscitara naqueles animais, a que finalmente o rato conseguiu dar uma trinca, vivemos momentos fabulosos de cumplicidade.

E assim, sem mais nem menos lá se foi o nosso momento da história, daquela história!

É claro que nesta visita natalícia não faltaram os momentos de cumplicidade. O poder inventivo das avós, a que os netos dão preciosas ajudas, é prodigioso! Não me estou a gabar, acontece com todas, mas menos assim eu quero reclamar.

Alguém me sabe dizer em que departamento se reivindica a sorte da vida se ir tecendo e de os netos lembrarem as avós no meio de uma panóplia de livros à mistura com centenas de crianças?

2 comentários:

  1. Ai que avó tão babada!
    Eu cá não sou assim...
    Beijinhos, ó AvóBabada....

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  2. Pois não!És babada ao quadrado. Tens dois netos: uma Elisinha e um José Ricardo e eu só tenho um André, com grande pena, acrescento em abono da verdade.
    Beijinhos.

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