“Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tange e range, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia.
Todo o esforço é um crime porque todo o gesto é um sonho
inerte.
As tuas mãos são rolas presas.
Os teus lábios são rolas mudas.
(que aos meus olhos vêm arrulhar)
Todos os teus gestos são aves. És andorinha no abaixares-te,
condor no olhares-me, águia nos teus êxtases de orgulhosa indiferente.
(...)
Chove, chove, chove…
Chove constantemente, gemedoramente (…)
Meu corpo treme-me a alma de frio… Não um frio que há no
espaço, mas um frio que há em vir a chuva…”
Fernando Pessoa
Livro do Desassossego. Vol.I. Fernando Pessoa.
(Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença,
1990.
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