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quinta-feira, 4 de abril de 2013

IRREVERÊNCIA


Há dias a minha amiga facebookeana AR estava com “os nerves”, escrevia ela, por conta da filha de dez anos e eu ri com o comentário publicado. Conversámos depois, a propósito do assunto através do chat e só após terminarmos a conversa me recordei do episódio que passo a descrever.

Jantávamos, eu e as minhas duas filhas sentadas em volta da mesa redonda daquela sala de refeições contígua à cozinha, na casa onde então residíamos, quando a mais nova, que tinha na altura oito anos, manifestou pela primeira vez a sua pretensão:

- Quando for grande quero ser tradutora de CEE e vou trabalhar para Londres.

Eu achei a ideia hilariante e em vez de corrigir o erro, retorqui:

- Ai que bom! Já tenho quem me pague umas férias em Inglaterra.

- Não, mamã, eu pago-te é o bilhete de Londres para Lisboa.

A mais velha, onze anos de olhar maroto, achou por bem interferir:

- E eu pago o bilhete de Lisboa para Londres.

Eu ri com vontade. Era a costela, do meu lado materno e paterno, homogénea e precocemente misturadas a falarem na sua forma predileta: a ironia.  

- Como gostam de mim! As duas a querem ver-me pelas costas!

E depois do que vos conto, digam-me: quando as vossas filhas arrebitarem o nariz ainda vão considerar-se com o monopólio da irreverência?

3 comentários:

  1. As minhas ainda hoje continuam a arrebitar o nariz... e já têm mais de 3X11 anos...

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  2. As filhas a quererem dividir o bem pelas cidades... e ainda vem falar de açambarcamento?
    :)

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