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terça-feira, 17 de maio de 2011

FAST FOOD

Após algumas voltas na cama tentando dormir mais um pouco, na tentativa frustrada de vencer o cansaço acumulado ao longo das últimas semanas, levantei-me calmamente. Em cada manhã, depois de acordar, não volto a adormecer. O dia espreita e a minha curiosidade é grande. Como será o dia de hoje? E não há nada como saltar da cama e começar a mexer. Só assim poderei ver como é para depois poder contar como foi.


Após os ritos matinais; visita à estomatologista. Há oito dias quando da consulta, esta verificara que tinha o céu-da-boca ferido. Pois não, queimara-me?! Sou daquelas pessoas estranhas que não gostam de bicas a ferver nem de chávenas escaldadas, o que me terá calhado, com a nefasta consequência de queimar a boca. A estomatologista não facilitou ”estas feridas têm de ficar bem saradas, volte cá para a semana, para eu verificar, com esta luz forte, como estará a mucosa” e eu, como sou bem-mandada, lá fui, cumpridos os oito dias sugeridos. Foi maior a espera que a consulta, mas vim com a certeza de que tudo estava bem.


“A manhã vai alta” reclamou o estômago quando saí do Centro Hospitalar de S. Francisco. Parei no Lidle, situado um pouco mais abaixo, para comprar uma banana para entreter a fome. “Em casa, a fruta deve estar a acabar”, lembrei-me então e como descendente de Eva que se presa, comprei também algumas maçãs “vá lá saber-se quando aparece o Adão?!”.


Numa corrida desci ao centro da cidade. Aproxima-se a passos largos o dia da estreia teatral. Este ano cabe-me “assassinar” a personagem “a actriz” da peça “O meu caso” de José Régio. Precisava de completar os acessórios da toillete. Faltavam os sapatos, porque resolvi, ainda sem dizer a ninguém, mudar a minha indumentária. O vestido inicialmente acordado é quente, não só para o calor que tem feito, mas também para actuar no palco do Teatro Miguel Franco, com os holofotes tão próximos de nós. Sei do que falo! É um palco que já pisei muitas vezes.


Comprados os sapatos, dos mais baratos que havia no “Guimarães” ainda fui adquirir lã para confeccionar uma mantinha para a minha neta, trabalho a que possivelmente passarei a dedicar-me entre as três e as sete da manhã…


E foi quando vinha para casa, ao passar junto ao café do Teatro, ao ver pessoas a comer na esplanada, que me perguntei “que vais almoçar, cabeça de vento?” e rir-me com vontade, num sorriso tão aberto que o senhor que se cruzou comigo, mesmo com um relógio no pulso perguntou-me as horas, quiçá supondo que me ria para ele. Mas não, viera-me à lembrança um amigo dos meus tempos de menina para quem, certo tipo de pessoas apressadas, só comia ovos estrelados com batatas fritas, menu que, por isso, se recusava a comer. A minha comida de recurso costuma ser constituída por douradinhos de pescada, com bolinhas de espinafres e castanhas assados em vinte minutos de forno, mas o provimento acabara-se no jantar de ontem. Que contraste com a festa num restaurante do Chacal, no fim-de-semana em Lisboa!


Sou professora aposentada, detesto batatas fritas, mas hoje o meu almoço foi um prato de sopa e um ovo estrelado com salada.


Aliada à pressa, a fome é o melhor dos temperos!

4 comentários:

  1. Gostava de pensar assim de manhã. Aliás, vou, nas minhas manhãs livres - que são mais do que muitas - começar a vencer a preguiça e pôr os pezinhos fora da cama assim que ouvir o despertador tocar.

    Quanto à fruta no Lidle, e produtos em geral, nós por cá já tivemos muito más experiências. Alimentos que não pareciam mas afinal estavam podres, frutas que parecem frescas e que no dia seguinte estão cobertas de bolor... Talvez seja o supermercado aqui da zona que não é dos melhores, aliás, certamente será isso! Os gerentes não são todos os mesmos logo o controlo da qualidade difere.

    Quanto aos holofotes, isso é algo pelo qual ambas sabemos o que é passar, não é verdade? :D como um professor da minha escola diz, "Parece que estamos num microondas!"

    Boa sorte para a peça e desejos de um bom dia para amanhã!

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  2. Olá, Joana. Há muito que deixei o despertador, que aliás nunca me fez grande falta. Normalmente sincronizava-me para acordar antes que tocasse porque detesto acordar com ruído.
    Não tenho razão de queixa do que compro no Lidle, mas é um sítio onde por norma não faço compras, muito menos fruta. Aconteceu hoje por se situar pertíssimo da clínica onde fui. Realmente tive de optar por um vestido mais fresco por causa do calor. Espero que a minha professora de teatro não se zangue.
    Desejo-te também um óptimo dia para amanhã.

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  3. Temos actriz? Bem...como professora já deves estar habituada a público difícil...lol


    Vais sem pressa e de barriga segura:)

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  4. Ora M. "armar barraca" sempre foi o meu forte. Desde Molère a Gil Vicente "assassino" sem dó nem piedade, todos os dramaturgos que me aparecem à frente. Contudo confesso que o que gostei mais foi de pertencer ao Grupo de Teatro Tró-la-ró, formado por um grupo de professoras e professores (poucos que os homens são muito assustadiços). Actuávamos gratuitamente onde nos pediam, com as colegas que apareciam, representando as sátiras que a Mimi (uma das professoras mais velhas e a mentora do grupo) escrevia. À hora de entrar em palco ainda se discutia quem fazia o quê e quase se guerreava pelo guarda roupa. Qualquer uma representava qualquer papel. Tínhamos ainda um grupo de cantares, chamado "Repescando" formado por quem aparecia no dia e que ensaiava e actuava em simultâneo e ainda fazíamos uma interessante passagem de modelos de chapéus que punha à prova o meu poder de comunicação e a minha fértil imaginação, pois era eu que a ia apresentando descrevendo os modelos que apareciam em palco, vestindo as colegas as coisa mais estapafúrdicas e vendo-os eu no preciso instante em que os espectadores também os viam. "Trabalhar no arame" era a minha profissão. Em pequena, estatelei-me do arame farpado da minha escola, mas continuei a tentar nalguns palcos deste país. Agora que estamos todas reformadas não fazemos nada, quando trabalhávamos tínhamos tempo para tudo. Garanto-te que nunca me ri tanto como nesse tempo.

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