Agarrada àquilo que não é
Mas que sonho
Que seja
Alongo o afecto nos dias.
De mãos abertas
Ofereço um amor imenso.
E o silêncio
Fala da importância
De um umbigo
Que não é o meu.
Que rota terá a vida
Se a tua disponibilidade não é
O meu mar navegável?
E no tormento da deriva
Quando os olhos encontram
O sorriso do meu bisavô
No velho retrato de parede
Que encima o monitor deste PC
Eu sei o que nunca tive:
Mãos, mãos que enlaçam
Aquela outra Isabel.
Mãos
Que amparam,
Que protegem,
Que acariciam.
As tuas mãos …
…nas minhas mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
ResponderEliminarCom mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
(M: Alegre)
Aquelas mãos...
ResponderEliminarQue então...
Fizeram a guerra...
Seguram a mão do irmão
Fecundam o ventre da terra
Afagam um rosto de criança
Desenham um arco d'esperança...
Não são marca de maldição!
Não são!!
São um gesto do tempo...
São um sinal do coração.
Na mão serena que num gesto de onda
ResponderEliminarEm estátua musical o ar modela.
Na mão torcida que num frio de gelo
A parede do tempo em fundos gritos risca.
Na mão de febre que num suor de chama
Em cinzas vai tornando quanto toca.
Na mão de seda que num afago de asa
Faz abrir os sonhos como fontes de água.
Na tua mão de paz, na tua mão de guerra,
Se já nasceu amor, faz ninho a mágoa.
José Saramago
Há dias encontrei numa gaveta a foto do meu bisavô Manuel, que por ser marinheiro terá feito muitas vezes a rota de Moçambique, o que lhe valeu a alcunha de Manuel Quelimanas. Apressei-me, então a trocar um dos quadros da parede, em frente da qual está o meu PC, pela sua foto.
ResponderEliminarTenho bem na direcção do meu olhar a imagem de um homem alto e possante, com o ar enternecido por um velado sorriso, sentado numa cadeira, segurando no colo uma menina, uma das netas, não a minha mãe, uma sua prima, de nome Isabel, tal como eu, que ele agarra, ternamente, com as mãos enormes. Acho que sexta-feira, também me apeteceram umas mãos enormes e um sorriso terno, numa expressão firme para me mimarem a alma. Muito obrigada pelos poemas que tiveram a gentileza de aqui escrever.
Um abraço fraterno para todos vós.