Hoje, dia um de Maio, balancei entre as duas efemérides: Dia da Mãe, Dia do Trabalhador, mas a opção não foi difícil.
A minha mãe!
A minha mãe estava lá, obrigatoriamente lá, na expectativa esforçada de que eu abrisse os olhos ao mundo, naquele momento crucial em que resolvi nascer. Começou aí a irreverência e incomodando todos decidi nascer quando os relógios marcavam uma hora de uma noite de Domingo, de um longínquo mês de Março. E não foi fácil, nada fácil!
Contaram-me depois que só ela conseguiu, dificilmente, convencer o meu irmão a voltar a Leiria na manhã seguinte, para retomar as aulas no Liceu, pois nos seus doze anos achava-se no direito de ficar a “adorar-me” já que mal me tinha visto, para só me voltar a ver no fim-de-semana seguinte. O que na época lhe pareceu pouco tempo, veio a ser de mais, em casa da avó Isabel, no dia em que me obrigou a recuar até que caí num alguidar de azeitonas retalhadas, farto que estaria de aturar-me.
E, ao longo de tantos anos a minha mãe esteve sempre. Incentivando ou questionando os meus avanços, fazendo-me pensar, mas sempre apostando em mim, nas minhas capacidades de decisão, de execução, de resistência. O único obstáculo seria eu própria, não tinha que ser a melhor, mas teria de fazer o melhor de que fosse capaz, nas circunstâncias que se me deparassem, da melhor maneira, responsabilizando-me pelas opções tomadas. Sem comparações. “Igual a ti não há mais ninguém!” A minha mãe ensinando-me Sartre sem ter estudado Filosofia!
Que não fique a ideia de que educar-me foi fácil. A minha mãe ensinou-me a ter opinião e eu exerci com propriedade esse direito. Tanto tabefe se perdeu…
Mulher inteligente e de raciocínio rápido, aos noventa e três anos a minha mãe ainda consegue surpreender-me. Passámos todo o dia cinco de Abril nas urgências do Hospital de Sto. André; primeiro sem que desse acordo de si devido à medicação, depois num estado de demência originado pelo leve AVC de que foi vítima; dei-lhe inclusive o almoço e o jantar à boca, por não ser capaz de comer sozinha. Num momento de lucidez, perguntou-me por uma pessoa “Não sei como está, mas estará bem. Porque pergunta?”A clarividência da resposta, misturada em lágrimas, deixou-me transparente. Talvez por isso, nem se lembre de me ver junto dela, nesse dia inteiro.
A minha mãe!
Quem sai ao seus...
ResponderEliminarBom ter mãe...E assim, melhor ainda:)
Parabéns a ambas:)
Que Deus - ou quem as suas vezes fizer - ta conserve, lúcida e feliz.
ResponderEliminarBeijinho
Este dia pertence muito mais às mães do que aos trabalhadores. Trabalhar toda a gente trabalha, as donas de casa (e OS donos de casa!) também trabalham, trabalham que se fartam e sem horários, e ainda assim o 1 de Maio não é feriado para eles, mas sim mais um dia.
ResponderEliminarO Dia da Mãe faz muito mais sentido e todas as Mães estão de parabéns hoje!