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domingo, 5 de junho de 2011

DEBRUCEI-ME...

Debrucei-me na “Varanda das Estrelícias” e o Álvaro Costa acenou-me:

Cuidado!

No olho do furacão
Nesse triângulo das Bermudas
Que se chama de paixão
Nessa vertigem de águas
Tem cuidado, coração!

Audaz, pois nem conheço o Álvaro, protegida pela distância informática e pelo silêncio da minha sala só quebrado pelo matraquear das teclas do PC, sinto-me incapaz de o deixar sem resposta.

Há paixão com cuidados? Há conformismos no amor?

Ele chegou qual Eróstrato. Traz o fogo no olhar, mas traz também mel nos lábios, suavidade nas mãos, ternura no abraço e em si a encantadora frescura do gesto, sempre diferente, sempre melhor, cada vez mais gostoso.

O encontro é rápido, como rápido é avançar na maré cheia. O mar acomete-os em ondas sucessivas e basta abrir os braços e erguer os pés para serem possuídos e gozarem a posse. Se não tiverem tempo de avançar, a onda rebenta-lhes em cima e leva-os à praia.

Ébrios de movimento erguem-se meio tontos e respiram fundo. Só então sentem no peito a vertigem do mergulho que já deram e apetece-lhes mais.

Tentam de novo, repetem o gesto.

Estão à beira-mar . Tentam respirar. Bem-vindos à vida!

Mais tarde, o Álvaro escreverá

Agora eu sou um pingo
Bem diferente dos demais
…………………………………

Poderei depois ser onda
………………………………
Desfeita em pingos, poalha
Espuma leve na praia
Que depois o vento espalha
E de mim nada na areia...!

Que o Álvaro Costa me perdoe a ousadia, a irreverência. Ele escreve coisas belas e sensuais. Merece ser lido. É fácil encontrá-lo em “Varanda das Estrelícias”.

3 comentários:

  1. Tou babado... E nem precisei de incendiar templo nenhum!

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  2. Acabaste de me dar uma ideia! Pelos anos ofereço-te um babeiro. Qual é o dia?

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  3. Por este andar...
    Um babeiro será pouco!
    Talvez um alguidar,
    Se me lês e me dás troco...!

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