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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

HORIZONTE... SEM HORAS...

Horizonte ….
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidéreo
‘Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa





…Sem horas

O tempo ficou sem horas enquanto estive em teus braços;
Passou em câmara lenta,
Noutro tempo, espaço, dimensão.
Potencializado.
(ou não );
Será mesmo que existiu?
Indago mirando meus olhos, com tanto brilho,
Espelhado.
Sei lá!
Necessário precisar?
Nem sei exprimir.
Ah!
Mas também
Quem disse que se divide o tempo?
E se tempo nem existir...
Se existem horas
E horas
Que aquela fique de fora,
De imprecisa interpretação
Que se torne invisível
Que permaneça então na lembrança
Nesse diálogo interno atemporal, indivisível,
Eterno,
Inesquecível!

Marlene Edir Severino

6 comentários:

  1. Eis, finalmente, uma casamento feliz:)

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  2. "Y fueron felices y comieron perdices", como dizem nuestros hermanos.
    Se a M. for a madrinha aceita-me para padrinho?
    :)

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  3. Rui, então não havia de o aceitar para meu padrinho?! Seria uma honra. Já estou a imaginar a cena: Na praia, à noite, M. lindo com um vestido de soirè, esvoaçante, azul mar amadrinhando o acto; a toilette do padrinho deixo ao seu livre arbítrio. Eu, a noiva, em biquini com uma grinalda de estrelas e um colar de búzios e o meu CAVALO VERDE, sim que outro não poderá ser o noivo, lindérrimo de smoking. Só não estou a ver quem poderá levar as alianças... A minha Rita, que acabou de descobrir que tem mãos era capaz de as comer, o meu André seria capaz de as reinventar para outro fim que não para o habitual e... lá se ia a festa...

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  4. Eu posso levar as alianças.....
    Mas não para dizer estas "palermices" que vim aqui! Foi para dizer outras...
    O Pessoa é sempre o grande Pessoa, mas este segundo poema é um ESPANTO!
    Vou copiá-lo para o meu caderninho, deixas?
    Beijinho

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  5. Olá, "carol".
    E eu a acelerar na A8...
    Serve-te à vontade.É tudo teu.
    Bj.

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