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segunda-feira, 23 de maio de 2011

ANDANÇAS

Quando era professora, costumava dizer que logo que me reformasse nunca mais escreveria nem o nome. Abriria uma tasca e venderia pasteis de bacalhau e taças de branco e tinto.
As amigas aplaudiram a ideia e não tardaram a sugerir que levasse uns pastelinhos de amostra para uma prospecção de mercado. Fiz os pasteis, dei-os a provar, garanti os clientes e quando reformada me dispunha a iniciar o negócio, descobri que alguém mais expedito me roubara a ideia. Azar dos azares! Vi-me obrigada a buscar outros interesses...
Aquele manifesto interesse pela culinária não passava de uma brincadeira.
Hoje, o compromisso com a causa pública obriga-me a caminhar para os Marrazes.
Muitas vezes vou a pé para gáudio dos sentidos. Inebrio-me de cores, sons e cheiros, enquanto percorro a distância entre a minha casa e a sede da Junta de Freguesia. No dia doze, fiz-me acompanhar da máquina fotográfica e sem engenho e arte lá fui fazendo alguns registos.
Bem perto ainda de casa, não resisti a estas flores, que descuidadas crescem junto ao poste da luz.
Logo no início da subida voltei-me para trás, porque a perspectiva me pareceu mais feliz. O cheiro desta trepadeira é inebriante.
E em frente o pormenor desta janela, cujo vitral merece ser apreciado ao natural, chama a atenção.
Aqui mora o número sete.
As nêspera ainda estão verdes, mas prometem...
E esta ternura de malva rosa e sardinheira?
As laranjas já se comem. Comeriam... se as pudéssemos colher.
Ainda desfolhei um malmequer. mal me quer ... bem me quer... mal me quer. A conclusão é sempre a mesma...
Alegrei logo os olhos nesta bela trepadeira.
Pode haver quem não goste, mas para mim, esta vivenda é a materialização de "A noite estrelada" de Van Gogh
Já não há camélias nestes jardins, mas as orquídeas estão lindas.
E este verde fabuloso e arrumadinho
Quem não gostaria de possuir esta buganvília?
A foto tem luz em excesso. Gosto de ver roupa estendida. Se um mercado nos mostra a alma de um povo; a roupa estendida diz-nos como esse povo resiste.
Dizem que nasce aos molhos no monte sem ser semeado, mas neste jardim, o alecrim também não falta.
Mais flores....
Alegres nos muros.
E rosas, muitas rosas, rosas por todo o lado.
A escola do primeiro ciclo.
E, para matar saudades, uma árvore a lembrar outra dum jardim da minha infância. Só que "a minha" tinha flores cor-de-rosa.
Bebi água, atravessei a rua e fui trabalhar. Horas mais tarde fiz o percurso inverso.
Por esta pequena amostra que dizem da minha freguesia? Não é linda?
Se gostaram, venham descobri-la, há muito, muito mais para conhecer.

1 comentário:

  1. É linda sim. Parece ser daquelas em que sabe bem viver, sem grandes confusões e natureza a aparecer por todos os cantos.

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