Citaram-te e lembrei-te. E
apeteceu-me perguntar com a ternura que dedico aos amigos: Cadê tu? Mas eu sei
onde estás. Importante, vives em Lisboa, naquela avenida da estante, a mais alta
de todas, daquele lado do pequeno escritório onde, por vezes, me deito.
Bordei, para teres em frente um
alfabeto de cortinas. Poderás assim escrever novas palavras. Gostava que
inventasses uma para mim, ou, no mínimo, uma doce maneira de dizeres todas as
que já foram inventadas.
De empréstimo, nas vezes, que durmo nesse pequeno escritório, onde se situa a avenida-estante em que te alongas, abro o sofá-cama e como tu rirás daquela relação conflituosa que mantemos: “tola!” Chamar-me-ás, de nunca acertar logo à primeira. E faço a cama e deito-me, entre ti e o alfabeto, ali, bem no meio para que me vejas.
Antes de mergulhar na escuridão, apagando a luz do candeeiro daquela mesa-de-cabeceira improvisada, olho-te, mas mais que ver-te, quero ouvir-te… e tu cheio de palavras, numa economia de sons, do alto de ti, nada me dizes.
E apago a luz…
De que te servem as palavras que não dizes? Porque não tocas essa melodia de silêncio? Eu inventaria o teu sorriso.
Bem escolhida a música.
ResponderEliminarQue melodia mais doce!
Boa noite