Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Boa pergunta...
ResponderEliminar:)
Olá, Rui.
EliminarPois, é uma boa pergunta... Responda quem souber.
Pena é que nem sempre a resposta nos agrada, mas sou das que gosta mais de verdades duras do que mentiras piedosas, ou dúvidas intermináveis. :)
Boas festa, Rui, para si, para a Any e restante família.
EliminarCá estamos nós na circularidade da vida, do pensamento, do que é ou não é o Homem.
ResponderEliminarE voltando com o vento e as folhas por si enrodadas:
GLOSAS
Toda a obra é vã, e vã a obra toda.
O vento vão, que as folhas vãs enroda,
Figura nosso esforço e nosso estado.
O dado e o feito, ambos os dá o Fado.
(...)
Claro, Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" (pp 232 Obras de Fernando Pessoa, Vol. I, ed. Lello & Irmão - Porto - 2006)
-
Que pergunta pertinente...quantas vezes não temos que regressar às origens para perceber para onde podemos ir?
Há que tempos que ando para voltar "em força" à obra de Fernando Pessoa! Se se reparar, no cabeçalho do meu blogue até comecei por citar Fernando Pessoa. Tanto que se aprende com O Mestre!
Ai, que agora é que eu estrago a escrita toda…
EliminarO nosso Fado, depois do nascimento, é a morte. Entre um momento e outro somos nós que fazemos tudo, com as opções que tomamos.
Aceito um certo determinismo nas oportunidades como me parece defender Sartre, acreditando piamente que, se se repetissem, se voltássemos atrás, como em “Os Dados Estão Lançados” procederíamos do mesmo modo.
A liberdade é uma circunstância. Sartre afirmou qualquer coisa como “o Homem nasce condenado a ser livre” ou seja, o Homem escolhe a sua vida, optando. Também a Sartre se deve a expressão “O Homem é a sua circunstância”. A escolha implica angústia, desespero até à decisão e tomada esta gera-se responsabilidade, compromisso. O Homem é o principal obreiro de si próprio.
Fado para mim, o melhor de todos é o violino de Natália Juskiewicz, cujo CD “Um violino no fado” nem consigo ouvir de seguida, a par com a voz de Carlos do Carmo, da Mariza e de poucos mais.:)
Boas Festas. Abraço para si e para a Zaida.