A viagem foi de 360º, metade
destes percorridos pelos portugueses e a outra metade pelos espanhóis. Foi sábado na Fundação Calouste Gulbenkian.
Comecei por maravilhar-me espetando
o nariz em cada expositor namorando cada objeto, como uma criança manipula os
materiais com que pretendemos que a seguir trabalhe. Encantei-me com o pormenor
dos primeiros desenhos científicos: do primeiro ananás, do primeiro tatu, da
manga, da noz-moscada e maravilha das maravilhas, com a carta náutica de Pedro
Reinel, a primeira feita à escala por um português e que, vá lá saber-se
porquê, nunca aparece nos nossos compêndios de Geografia, que sabia que existia
e nunca tinha visto, tal como o globo terrestre de Manuel Dias e Nicolo
Longobardi, oferecido ao imperador chinês, como prova irrefutável de que a terra
é redonda. Demorei-me o tempo que me apeteceu para absorver a magia de cada
objeto e quando dei por concluída a tarefa, voltei ao princípio. Usufruir do
tempo é a sorte de quem chega cedo.
Feita a visita a meu bel-prazer embarquei
na visita guiada. Ao leme, o comissário da exposição, Professor Doutor Henrique
Leitão. O entusiasmo do timoneiro era contagiante e os 360º fizeram-se sem que
nos apercebêssemos como aconteceram.
Como gosto de entender a
engrenagem das coisas, ainda tive oportunidade de ouvir como foi concebido o
projeto e ficar a saber, pela responsável da montagem da exposição, que sendo
esta concebida como um lego, facilmente poderá ser deslocada, para outra
cidade.
À saída, a amiga que me
acompanhava comentou: “a partir de hoje vou olhar os estrangeiros bem de frente.
O que fizemos pelo mundo!”. Ri-me. “Andam tão empenhados a convencer-nos que
somos lixo que até nos esquecemos que já fomos os maiores.”
Recomendo uma visita guiada à
exposição que se manterá na Gulbenkian até dia dois de junho. Faz bem ao ego
lembrar a memória coletiva, para não esquecer o que é ser português: sonhador e
poeta, viajante curioso e arrojado cientista senhor do mundo.
O folheto explicativo da exposição
O espaço está dividido em seis
momentos:
I – O SABER PELA PALAVRA;
II – O ESPANTO E A NOVIDADE;
III – DO MEDITERRÂNEO AO MUNDO
NOVO;
IV – CADA ESTRELA É UM NÚMERO;
V – PLANEAR A GESTÃO DO SABER;
VI – DO MUNDO NOVO UMA CIÊNCIA
NOVA.
Carta Náutica de Pedro Reinel - o primeiro mapa feito corretamente à escala
O globo terrestre de Manuel Dias e Nicolo Longobardi oferecido ao imperador chinês, onde estão marcadas as rotas trilhadas pelos portugueses. Prova irrefutável de que a terra é redonda (à época, na Europa não havia qualquer dúvida desse facto, mas na China ainda se admitia que a Terra era plana)
E o astrolábio que possibilitou o conhecimento científico ao homem comum.
Primeiros desenhos científicos de frutos, animais e plantas
Catálogo da exposição
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