Ligeira, descia as escadas,
quando o telefone tocou. Prometera encontrar-me com a GM às onze horas e
tencionava cumprir.
- É o meu. – Pensei, continuando
a descer.
E o telefone tocava… numa
corrida, voltei atrás. Antes de atender olhei o número. Quem era, havia ligado
de manhã cedo, prometendo visitar-me brevemente, com a companheira.
- Teria acontecido alguma coisa?
– Interroguei-me. - Então, que se passa? – Questionei ao atender.
– É bom ter-te de volta. Já tinha
saudades. Ainda bem que acabou a hibernação.
- Tradutor! – Exclamei - Preciso
de tradutor. Não entendo o que me estás a dizer.
- Fui ao teu blog. Voltaste a
escrever. Que bom! Fazia-me falta ler- te.
- Amigo, no início deste ano,
todas as rifas que tirei tinham prémio. - E desfiei o rosário de desgraças por
que passei, nos primeiros seis meses. - As dores não matam, mas amolentam. A
quem apeteceria escrever?
- Mas, não disseste nada…
- Aborreceria os amigos e as
dores não passariam. Felizmente, melhorei.
- Nota-se. Que bom voltar a
ler-te!
Agradeci a gentileza e a boa
amizade que lhe merecia, procedemos aos despedimentos do costume e a conversa
ficou por ali.
Corri pelas escadas, sorrindo. Não
há mimo de alma que não ilumine uma manhã, apesar do sol. Nem sonhava os que
ainda iria receber. A GM, esgotado o assunto que nos fizera juntar, ofereceu-me
mais, a PS, quando nos encontrámos, mais tarde, levava também alguns para me
dar e já noite, três frases, só três, fecharam uma ferida que tinha aberta no
meu peito.
Terá sido, ontem, o dia nacional
dos miminhos d’alma?
Os amigos que nos falam devagar, com
“um sorriso desenhado nas palavras soalheiras” são como a água fresca num dia
de calor: matam a sede aos afetos.
Já me sinto muito mais fresco, eu estava sedento, passei a manhã no quintal...
ResponderEliminar:)
Gosto de a ver feliz e isso nota-se, mesmo a esta distância, muito! Que bom!!!
Como não hei-de estar feliz depois de 6 meses a gemer?!
EliminarSe lhe descrevesse as prendas me saíram nas rifas,do primeiro semestre deste ano, até chorava com pena de mim...
Junte-lhe ortopedista a torcer o nariz e as filhas a ralharem por me recusar a fazer a ressonância magnética que confirmaria o diagnóstico... e compreenderá que tive de puxar dos galões: A mãe sou eu! É a mim que assiste o direito de ralhar. As dores não serão mais teimosas do que eu. Ponto final.
E não foram. Já passou tudo e nem quero pensar nisso.
VIVA A VIDA!