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segunda-feira, 11 de março de 2013

DIA DA MULHER


Ela fora ver a peça de teatro em exibição na noite anterior e esquecera o telemóvel no silêncio. Na manhã seguinte, quando mudava os pertences para outra carteira, verificou que tinha duas chamadas não atendidas da mesma pessoa. Ligou. Ele, porque de um homem se tratava, recusou a chamada para ligar de seguida.

- Olá. Tentou falar-me esta manhã… – disse ela à laia de bons dias, desculpando-se o melhor que pode, por não ter atendido.

- Foi para lhe dar um beijinho. Hoje é o Dia da Mulher. – E de seguida informou-se do estado de saúde da mãe.

– Aguenta-se. – disse ela – um dia de cada vez.

- Hoje não é o seu dia.

- Como ?!

- Você é uma senhora, não é uma mulher. Eu não gosto de senhoras, gosto é de mulheres.

- Parece que está a dizer que não gosta de mim, mas eu não acredito. Se não gostasse não teria telefonado.

- Mas eu gosto de si, até gosto muito, mas você não é uma mulher, é uma senhora…

- Debaixo de uma senhora, há sempre uma mulher, não lhe parece?

- Mas você não deixa ver de baixo!

- A minha mãe não deixa. – riu-se.

O telefonema acabou com os despedimentos habituais e ela galgou as escadas em passo de corrida, já em cima da hora marcada na cabeleireira, concluindo como o humorista que a língua portuguesa é muito traiçoeira.

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