Ela fora ver a peça de teatro em
exibição na noite anterior e esquecera o telemóvel no silêncio. Na manhã
seguinte, quando mudava os pertences para outra carteira, verificou que tinha
duas chamadas não atendidas da mesma pessoa. Ligou. Ele, porque de um homem se
tratava, recusou a chamada para ligar de seguida.
- Olá. Tentou falar-me esta manhã…
– disse ela à laia de bons dias, desculpando-se o melhor que pode, por não ter
atendido.
- Foi para lhe dar um beijinho.
Hoje é o Dia da Mulher. – E de seguida informou-se do estado de saúde da mãe.
– Aguenta-se. – disse ela – um dia
de cada vez.
- Hoje não é o seu dia.
- Como ?!
- Você é uma senhora, não é uma
mulher. Eu não gosto de senhoras, gosto é de mulheres.
- Parece que está a dizer que não
gosta de mim, mas eu não acredito. Se não gostasse não teria telefonado.
- Mas eu gosto de si, até gosto
muito, mas você não é uma mulher, é uma senhora…
- Debaixo de uma senhora, há sempre
uma mulher, não lhe parece?
- Mas você não deixa ver de baixo!
- A minha mãe não deixa. – riu-se.
O telefonema acabou com os
despedimentos habituais e ela galgou as escadas em passo de corrida, já em cima
da hora marcada na cabeleireira, concluindo como o humorista que a língua portuguesa
é muito traiçoeira.
E não é que concordo com o cavalheiro?!...
ResponderEliminar:)
Muito obrigada, mas o suposto era rir ou, no mínimo, achar piada. :))
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