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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ACABARAM-SE AS FÉRIAS

Cá estou eu, metida por Setembro fora, se me é permitido plagiar Eugénio de Andrade e só não digo “a caminho do fulgor das maçãs” porque o engenho humano ávido de sensações, ansioso de vivências, sem paciência ou tempo para esperas, alongou por todo o ano os cheiros e sabores de cada época, sem questionar o valor dos referentes do tempo e do lugar, ignorando o facto de pouco a pouco ir perdendo a própria identidade.

Depois de uma semana em S. Martinho do Porto, imersa em nevoeiro, sem conseguir comprovar o Princípio de Arquimedes e gritar "eureka", não ao emergir da banheira, mas da neblina matinal, dos chuviscos, do mau tempo, e gozar o Sol; sem vislumbrar D. Sebastião, nem tão pouco acalentar a esperança de ver surgir o meu "cavalo verde", rumei a Lisboa.

A Rita nasceria dia dois de Agosto e a minha mãe em simultâneo decide adoecer. A minha mãe! Só ela, fragilizada por uma pneumonia nos seus noventa e três anos a pedir que não me informassem de que estava internada no hospital de Leiria, pois era mais necessária em Lisboa que junto dela. Seguiram-se uns dias a acelerar na A8, partilhados com a filha mais nova, a meias com a tarefa de velar pelo André, que aguardava impaciente o regresso a casa, da mãe, do pai e da irmã recém-nascida.

Dispensada de trabalhos pelas melhoras da mãe e depois de fazer o que todas as avós fazem aos netos, nomeadamente aos acabadinhos de nascer: mexer, pegar, dar beijinhos, enternecer-se, ver se “funcionam”, fiquei “no desemprego”.

Com uns dias ainda para gozar, avisei as amigas que iria até S. Martinho do Porto e levaria quem me quisesse acompanhar. Elas aceitaram e divertimo-nos imenso.

Foram-se as férias. À excepção da última semana de Julho, passei-as na A8, num vai e vem que o carro quase fez de cor. Os dias de Sol foram muito escassos, mas boa disposição houve em abundância e esquecida a preocupação da doença da minha mãe e a ansiedade do nascimento da Rita, confesso que não me lembro de alguma vez me ter rido tanto como neste mês de Agosto.

Uma “bolachinha” com meia dúzia de cabelos ruivos predispôs de tal forma o meu coração para a vida que nem dei pela falta do Sol. Os netos são a oitava maravilha do mundo!

7 comentários:

  1. Estimada Amiga Isabel,
    Seja bem vinda.
    Pelos vistos o Santo Martinho do porto não lhe deixou saudades, saudades essas sim de sua Estimada Mãe e do novo rebendo da família, meus sinceros parabéns e melhoras a sua mãezinha.
    O pior de tudo é estar no desemprego, mas verá que as coisas mudarão dentro em breve.
    Por cá Setembro é tempo de monções que nem D. Sebastião se atreveria a vir cá. Felizmente que os últimos dois tufões passram ao lado, mas mesmo assim influcionam, e de que maneira, o clima em Macau, quase que nem se pode respirar.
    Eu entrei de férias permanentes desde Agosto de 1992, e dentro de dias, uma vez mais rumarei a meu segundo país a Tailândia e por lá ficarei um boa temporada.
    Não usarei a A8 nem pagarei portagens, irei sim de avião.
    Abraço amigo

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  2. Notou-se a ausência, sim, isto anda a precisar de uma grande volta… por isso seja bem-vinda ao trabalho.
    Quanto “à oitava maravilha do mundo”… não a quero contrariar, mas… vou ter que esperar para ver.
    :)

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  3. Serviram para retemperar as forças? Espero bem que sim. Agora, toca a trabuquir. Eu ainda não sei o que é isso de férias. Quanto mais paro para pensar mais tenho para fazer. Amanhã é dia de ir até Algoz, ajudar numa vindima. É sempre assim as minhas férias.

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  4. Olá, António, poeta alentejano de Macau, com uma costela tailandesa. Isto é que é ser cidadão do Mundo!
    Desejo-lhe umas boas férias na Tailândia.
    Eu também já poderia ter férias permanentes, pois cessei a actividade profissional, mas arranjei outros compromissos para entreter o tempo.
    Um abraço também para si.

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  5. Olá, Rui.
    Que simpatia a sua dizer que se notou a minha ausência! Muito obrigada. prometo tentar ser mais assídua.
    Quanto aos netos, deixe que lhe diga que são a nossa loucura total! Depois me dirá se não tenho razão.

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  6. João, que saudades! Como gosto de o saber cheio de força e disposto a ajudar na vindima!
    Você é dos duros, amigo! Fico feliz por saber que está bem.

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  7. Parabéns, ó bi-avó! Uma Leãozinha - olha que são fogo, a Leãozinhas... Eu tenho uma e sei do que falo.

    Boa sorte e tudo bom para a Ritinha e Mãe... a Avó... e todos!

    Beijinhos

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