Falava-lhe do tempo. Queixava-me. Implacável não se compadecia com o meu ritmo. Não esperava por mim. Passava. Ia sem que sentisse.
O amigo olhou-me, com aquela ternura de que só os amigos são capazes e comentou “ainda és capaz de fazer perder a cabeça a um santo”.
“Quando encontrar um santo, verei se tens razão”. E ri-me, ri-me com vontade. A gentileza do amigo nem repara que a advérbio “ainda” confirmava o meu discurso.
E agora ó Deuses que vos direi de mim?
Tardes inertes morrem no jardim.
Esqueci-me de vós e sem memória
Caminho nos caminhos onde o tempo
Como um monstro a si próprio se devora.
Sophia de Mello Breyner Andresen
O ainda será (para ti) o sempre:)
ResponderEliminarQue gentileza, M.!
ResponderEliminarBem haja!
"Feliz aquela que efabulou o romance
ResponderEliminarDepois de o ter vivido
A que lavrou a terra e construiu a casa
Mas fiel ao canto estridente das sereias
Amou a errância, o caçador e a caçada
E sob o fulgor da noite constelada,
À beira da tenda, partilhou o vinho e a vida
Sophia Andresen