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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

JÁ NÃO HÁ RESPEITO


A Rita e o André vieram à praia, passar a tarde com a avó.

A Rita, que pela primeira vez vinha a banhos, não gostou da areia. O André brincou com a alegria, com que só uma criança de seis anos sabe brincar. A avó, encantada, brincava ora com um ora com outro, dividindo o tempo entre a beira-mar, onde se dedicava à apanha de algas com o André e a barraca, onde a Rita teimava em não sair da toalha.

“Deixa o rapaz ir à água sozinho e sossega” disse a mãe “estou a vê-lo. Com esta idade, eu ia a pé, sozinha, para a escola” “mas tu eras minha filha e ele é meu neto. A ti educava-te e a ele só amo”.

A minha filha entendeu. Nestes curtos anos, já descobriu como é difícil ser mãe. Gerir amor e ensino/aprendizagem da vida é um trabalho de génio, meticuloso e sofrido, que uma reza, em surdina, dirigida às divindades, acompanha: “que não venha um vendaval que me arrase a sementeira…” porque a ação de educar é como a de cultivar um campo: a terra poderá ser ótima, a semente de primeira, o fertilizante adequado, o agricultor bom conhecedor do ofício, mas nunca há garantias em relação à colheita, para a qual não estão previstos seguros, nem subsídios do estado. Também já pôde observar como é fácil ser avó: amor sem medida e sem cuidados, mergulho inconsciente em afetos, irremediável excesso de velocidade em todas as curvas da vida… Pois! E lá andei ontem, dividida entre a beira-mar e a barraca, num vai-e-vem imparável, saboreando aquelas delícias de netos.

A minha filha registou o acontecimento com algumas fotos e eu adverti: “não te esqueças de mas enviar”. Não esqueceu. À noite abri o PC e deparei-me com o email, que foi enviado para mim e para a irmã, que não pudera ir. Transcrevo o texto que acompanhava as fotos, com o fim de solicitar a vossa ajuda:

From:
Date: 2012/8/9
Subject: Olha o Chapéu
To:

Nana,

A tua mãe afinal não alugou barraca,... comprou um chapéu....


Alguma vez se viu tamanha desfaçatez? Já não há respeito?! Como meter esta filha na ordem? Sim amigos, para esta, antevejo ainda algumas hipóteses de sucesso, quanto à outra, pela resposta dada à irmã, de que  teve o cuidado de me dar conhecimento, pude concluir que é um caso perdido…



12 comentários:

  1. Deixe-as falar, chapéus há muitos, mas como esse...
    :)
    Fica-lhe bem e aviva ainda mais, o que não é fácil, esse bonito sorriso. Haja Sol com fartura!
    :)

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    1. Ah, Rui, que remédio tenho eu senão deixá-las falar... Esta coisa da democracia é terrível para as mães de filhas irreverentes. Mas... aqui para nós, eu acho graça e por norma, ajudo à festa. É assim numa de quem não podendo vencer o "inimigo" se junta a ele :)

      Muito obrigada pelo cumprimento. Grande gentileza a sua. Deixa-me sem jeito. Acho que até vou dormir com o chapéu... :))

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  2. O Rui já conseguiu fazer a síntese dos eventuais comentários a este "post"!

    Que mais poderei acrescentar, concordando eu em absoluto com o que já aqui deixou escrito?

    Fica-lhe muito bem, o chapéu, Isabel, e a foto também está muito oportuna! Mesmo no momento!

    Aquela expressão da filha não podia ser mais certeira.

    Não tenho hipótese de discordar de nada do que aqui ficou dito. Nós, os avós, damos todos os mimos possíveis e alguns imaginários aos nossos netos. De modo que temos que estar preparados para qualquer boca dos nossos filhos, quando reclamam que lhes estragamos os filhos com tanta prodigalidade da nossa parte.

    Onde é que eu já vi este filme?!...

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    1. Olá, António.
      Muito obrigada pelo cumprimento, que a sua simpatia e gentileza ditaram. Como o Rui diz: "chapéus há muitos" e logo me havia de apetecer comprar este...

      Os avós se não nascessem tinham de ser inventados! Pelo afeto absolutamente incondicional, diferente do disponibilizado aos filhos por este ser sem cuidados, não temos de educar, só amar e pela cumplicidade das pequenas coisas com que brincando os ajudamos a crescer em ternura. Mas os netos... o que nos dão em troca... Haverá sorriso mais bonito? Abraço que mais nos prenda? Beijinhos mais doces?

      O amor que sentimos pelos netos, tal como o que devotamos aos filhos é um amor-perfeito. É por isso que existe uma flor com esse nome. :)

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  3. Que a floresta não nos distraia da arvore...

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    1. Olá, João.
      Esperemos que não, que o geral não nos roube o particular. Que a multiplicidade não nos faça esquecer a unicidade. Que a visão de conjunto não nos prive do pormenor, porque são os pormenores, as pequenas coisas que muitas vezes fazem a diferença. É por isso que, no meio da floresta, só uma sombra nos apetece.

      Desejo que os seus projetos profissionais continuem a superar as suas expectativas e a torná-lo cada dia mais feliz.

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  4. O que nós temos de ouvir das filhas!.... E dos netos? sabe-se lá o que teremos de ouvir ainda? Oxalá...

    Mas olha que eu acho que o chapéu te fica muito bem e tem tudo a ver contigo!

    Deixa-as lá falar...

    Boa praia!

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    1. Obrigada, Graça.
      As nossa filhas são uma pestes, mas o que seria de nós sem elas? Até gostamos... de lhe aturar a irreverência.

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  5. As nossas filhas e netos são a melhor coisa do mundo.Que bom serem irreverentes,não é?
    Eu estou com a minha Sofia em Lisboa,amparando-a num momento difícil e...amparando-me.Depois falamos.
    A foto está o MÁXIMO!!Digna de publicada numa revista vip.Aproveita essa boa disposição.
    BOAS FÉRIAS!

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    1. Minha querida amiga,
      Daqui vai o meu abraço de apoio incondicional, com o enorme desejo de que tudo se resolva depressa e a contento da tua doce Sofia.
      Tudo de bom para todos vós.
      Um forte abraço.

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