Acordei cedo e antes de abrir os olhos pensei “não me apetece nada que seja segunda-feira” e, em simultâneo comecei a passar em revista todo o plano do dia. Abri uma nesga do olho direito e vi as horas. Quase oito! Poderia mandriar mais dez minutos.
Oh, Deus! Despertei de vez e lembrei-me. Afinal não era Segunda-feira, era Domingo! Saltei da cama com redobrada genica e fui à varanda. Chuva e mais chuva! Uma autêntica “manhã de pobrezinho”, na douta definição do marido da minha amiga CG, mas não de um pobrezinho qualquer, porque para se usufruir de uma manhã destas, o pobrezinho precisa do tacto de outra pele para viajar por muitas latitudes.
Destes pensamentos profundos e de mãos vazias, parto em busca do pequeno-almoço. Não havia pão, não havia torradas. Nada é perfeito! E misturado com esta filosofia da treta bebi o leite e comi bolachas.
A chuva lá fora continuava a cair …
CHOVE!
Chove...
Mas isso que importa!
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
José Gomes Ferreira
Chuva...Não há chuva como na savana!É quente,é morna,é fresca,é fria...molha sem molhar, escorre sem parar, limpa o suar, brilha ao luar, mareja o olhar...ao nascer do sol faz estrelar cada folha de capim, cada copa de árvore, cada dorso de antílope, cada espelho de rio, cada reflexo de cacimba...e faz rescender o perfume mais intenso, o mais agarrante, o mais penetrante, o mais inebriante...o da terra molhada...do sol e da sombra, do dia e da noite, do calor e do frio, do vapor e do pó, do cheiro do corpo do homem já sujo, ao lado do cheiro agreste, ácido, limpo, das fezes da palanca, do soco, da pacaça ou do songue...Chuva na savana, sol no coração!
ResponderEliminarVi os brilhos. Senti o cheiro do corpo do homem já sujo e da terra molhada, porque os outros não sei identificar. Pelas mãos e pela face gotejou-me essa chuva benfazeja e a roupa moldou-se-me ao corpo à medida que a água a molhava!
ResponderEliminarPela suas palavras estive lá.
Que extraordinário pedaço de prosa!
Grato pela visita.
ResponderEliminarQuanto à chuva, só esta tentar um pequeno poema
Chove agora e neste momento
Chove agora que feliz
Chove agora estou contente
Chove agora a quem o diz
Chove agora pingou-me o nariz
A chuva rega toda a flor
A chuva dá emoção
A chuva dá frio e dá calor
A chuva cai com amor
A chuva lava até o coração
Desejos duma boa semana.
Veia para as flores e gosto pela fotografia já me tinha apercebido que tinha. Agora constato que também gosta de versejar. Habilidades não lhe faltam...
ResponderEliminarBoa semana também para si, amigo João. É sempre um prazer visitar o seu espaço.
Neste passado Domingo
ResponderEliminarO céu veio a chorar
Depois de um sábado lindo
Levava a recordar
São mais bonitos os poemas sobre a chuva do que a chuva propriamente... Não gosto nada de chuva: fico cinzenta.
ResponderEliminarFelizmente há gostos para tudo! Eu gosto de andar à chuva, sem a protecção de um chapéu, com os pingos a afagarem-me a cara, como dedos frios a arrepiarem-me a pele. Hoje a tarde estava óptima para isso, mas as senhoras já não fazem dessas tolices e, mesmo que arriscasse, teria de passar pelo Lar molhada até aos ossos para ouvir o sermão da minha mãe e a ordem imediata de um banho quente para não ficar doente. Já não seria uma chuvada como antigamente... mas lama ainda se arranja para patinar.
ResponderEliminarA Isabel pôs-se a desafiar a Primavera… agora a chuva não nos larga.
ResponderEliminar:)