DÁ-ME AS TUAS MÃOS
As mãos foram feitas
para trazer o futuro,
encurtar a tristeza, encher
o que fica das mãos
de ontem - intervalos
(duros, fiéis) das palavras,
vocação urgente
da ternura, pensamento
entreaberto até
aos dedos longos
pelas coisas fora
pelos anos dentro.
Vítor Matos e Sá, in 'Companhia Violenta'
encurtar a tristeza, encher
o que fica das mãos
de ontem - intervalos
(duros, fiéis) das palavras,
vocação urgente
da ternura, pensamento
entreaberto até
aos dedos longos
pelas coisas fora
pelos anos dentro.
Vítor Matos e Sá, in 'Companhia Violenta'
AS MINHAS MÃOS
As minhas mãos magritas, afiladas,
Tão brancas como a água da nascente,
Lembram pálidas rosas entornadas
Dum regaço de Infanta do Oriente.
Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas próprias mãos de oiro do sol-poente.
Magras e brancas... Foram assim feitas...
Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas...
Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, aonde está o céu?
...Aonde estão as linhas do teu rosto?
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Tão brancas como a água da nascente,
Lembram pálidas rosas entornadas
Dum regaço de Infanta do Oriente.
Mãos de ninfa, de fada, de vidente,
Pobrezinhas em sedas enroladas,
Virgens mortas em luz amortalhadas
Pelas próprias mãos de oiro do sol-poente.
Magras e brancas... Foram assim feitas...
Mãos de enjeitada porque tu me enjeitas...
Tão doces que elas são! Tão a meu gosto!
Pra que as quero eu - Deus! - Pra que as quero eu?!
Ó minhas mãos, aonde está o céu?
...Aonde estão as linhas do teu rosto?
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
AS MÃOS
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, in ‘O Canto e as Armas”
OLHO AS MINHAS MÃOS
Olho
as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anémonas do fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço ?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: "existo".
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos?
Quem faz - em mim - esta interrogação?
Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anémonas do fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras!
Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço ?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: "existo".
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação!
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos?
Quem faz - em mim - esta interrogação?
MÃOS
Na mão
serena que num gesto de onda
Em estátua musical o ar modela.
Na mão torcida que num frio de gelo
A parede do tempo em fundos gritos risca.
Na mão de febre que num suor de chama
Em cinzas vai tornando quanto toca.
Na mão de seda que num afago de asa
Faz abrir os sonhos como fontes de água.
Na tua mão de paz, na tua mão de guerra,
Se já nasceu amor, faz ninho a mágoa.
José Saramago
Em estátua musical o ar modela.
Na mão torcida que num frio de gelo
A parede do tempo em fundos gritos risca.
Na mão de febre que num suor de chama
Em cinzas vai tornando quanto toca.
Na mão de seda que num afago de asa
Faz abrir os sonhos como fontes de água.
Na tua mão de paz, na tua mão de guerra,
Se já nasceu amor, faz ninho a mágoa.
José Saramago
DÁ-ME A TUA MÃO
Dá-me a tua mão.
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
— para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
Dá-me a tua mão, companheira,
até o Abismo da Ternura Derradeira.
José Gomes Ferreira, in “Poeta Militante I”
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
— para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
Dá-me a tua mão, companheira,
até o Abismo da Ternura Derradeira.
José Gomes Ferreira, in “Poeta Militante I”
Se beberes um dia a luz
ResponderEliminarque irradia das minhas mãos
Cegarás.
É nelas que carrego
a dor
o sofrimento
a tristeza
a angústia
a insatisfação.
Carrego nelas a minha vida
E os teus olhos não suportarão.
Serão contagiados pelo breu dos meus dias.
Necessitarás então de mãos que te guiem.
Ainda quererás as minhas?
Sandra Subtil
Bem haja, Sandra. O seu poema é lindo. As suas mãos, em concha, estão cheiinhas de gentileza e amizade. A prova é esta partilha do seu poema.
EliminarUm beijinho.
MUITO BOM
EliminarShow, muito show......Sandra!
EliminarPõe-me as mãos nos ombros...
ResponderEliminarBeija-me na fronte...
Minha vida é escombros,
A minha alma insonte.
Eu não sei por quê,
Meu desde onde venho,
Sou o ser que vê,
E vê tudo estranho.
Põe a tua mão
Sobre o meu cabelo...
Tudo é ilusão.
Sonhar é sabê-lo.
Fernando Pessoa.
Muito obrigada, Graça por teres acrescentado Pessoa. O poema é lindo.
EliminarBeijinho
Mas que lindos POEMAS sobre " As Mãos"!
ResponderEliminarNa verdade as "nossas Mãos" são preciosas e valem tudo no mundo!
Obrigada aos POETAS e às AMIGAS que transcreveram POEMAS Maravilhosos!
Soube-me tão bem saboreá-los ---- LIIIINDOS!
ABRAÇO à dono do blogue e às suas colaboradoras!
Adorei!
Muito obrigada Maria Helena.
Eliminar"De mãos é cada Flor, cada cidade". Metáfora ou não as mãos são imprescindíveis no toque de que vive o afago.
Para si, um beijinho e um abraço.
Amigas e amigos,
ResponderEliminarO espaço continua à espera de todos os poemas que falem das mãos. Escrevam à vontade.
Um beijinho para todos.
Isabel
MÃOS
ResponderEliminarCôncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender
Sophia de Mello Breyner Andresen
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