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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A OVELHINHA E O LOBO DE PELO LUZIDIO


Era uma vez uma ovelhinha que vivia num prado verdejante salpicado de malmequeres amarelos.

A ovelhinha comia as ervinhas verdes e maravilhava-se com as flores. Sim, a ovelhinha gostava muito de flores amarelas e os malmequeres, com aquelas pétalas fininhas pareciam mesmo pequenos sóis, prontos para lhe aquecerem o almoço.

Ela brincava com as outras ovelhinhas e com os cordeirinhos que viviam no prado. Eram todos seus amigos e a ovelhinha gostava de os cuidar: “põe o chapéu, que está muito Sol”, ”não vás por aí que podes cair”, “come mais ervinhas para seres grande e forte”. A ovelhinha gastava o dia num sem fim de recomendações, à volta daqueles amigos e ficava feliz sempre que outro amigo se juntava ao grupo.

Muitos dias, quando os amigos não estavam por perto, a ovelhinha ficava muito quieta, encostada à sombra de uma grande pedra e estendia o olhar pelo prado até à linha do horizonte. A ovelhinha gostava muito de olhar, ver e admirar a distância e se alguém lhe perguntava o que estava a fazer, respondia que estava a lavar os olhos e a alma.

Um dia, quando olhava meio distraída, viu ao longe um lobo, um lindo lobo de pelo luzidio. “Que lindo lobo!”- disse a ovelhinha para os seus botões. Bem, na verdade a ovelhinha não tinha botões, nem sabia o que isso era… isto é uma forma de dizer que a ovelhinha falou alto e para ela própria, pois não estava ali mais ninguém que a ouvisse. Se estivesse, eu tenho a certeza que a ovelhinha nem teria coragem de dizer tal coisa. E sabem porquê? Porque as ovelhinhas não devem olhar para os lobos, devem é fugir deles.

Agora não fiquem a pensar que os lobos são maus ou antipáticos. São diferentes. As ovelhinhas comem erva e os lobos comem… ovelhinhas! Se apanham uma a jeito, ferram o dente e… chamam-lhe um figo, como nós costumamos dizer.

Como já perceberam, a ovelhinha sabia muito bem como deveria comportar-se com o lobo, mas ele era tão bonito, que se esqueceu… O lobo nem reparara naquela ovelhinha tão insignificante, havia coisas muito mais interessantes que lhe prendiam a atenção… mas, um dia e há sempre um dia para as coisas acontecerem, o lobo reparou na ovelhinha e  perguntou-lhe se queria brincar. Saltaram pelo prado e até brincaram às escondidas… Foi uma alegria.

A ovelhinha estava fascinada. Aquele amigo era diferente de todos os outros. Aquele pelo luzidio… era mesmo um regalo para os olhos. A ovelhinha não se cansava de olhar.

Quando já se entendiam muito bem nas brincadeiras… querem saber o que aconteceu? A ovelhinha lembrou-se “ai, ai, os lobos e as ovelhinha, não podem ser amigo” e vai daí zangou-se com o lobo de pelo luzidio, só porque tinha medo que o lobo a comesse. Ora, digam-me lá: "se o lobo quisesse comer a ovelhinha, já não o teria feito?" Que tonteira! Não foi? Afinal, aquela ovelha que passava o tempo a cuidar da vida dos outros, não sabia tratar da dela.

O lobo ficou muito triste, por não poder brincar mais com a ovelhinha de quem já era muito amigo. E a ovelhinha também. Sabem porquê? Porque magoara o amigo, que vergonha... e depois da zanga, descobriu que o lobo era vegetariano. 

Afinal, o lobo de pelo luzidio só comia ervinhas verdes, não comia ovelhinhas… “será que também gosta de malmequeres amarelos?” perguntou ela cheia de saudades do amigo…

Não sei se a ovelhinha e o lobo voltaram a ser amigos. Que vos parece? 

Deixo para vós o final da história. Eu tenho de ir fazer doce, porque a Carma deu-me tomates e se eu os deixo estragar, ela zanga-se comigo. Eu não quero. Seriam zangas a mais nesta história…





3 comentários:

  1. Pelo sim, pelo não, tosquiava a ovelhinha...
    Essa do lobo vegetariano não me convence.
    :)



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    1. Como calor que está... Rui, a ovelhinha vai ficar muito agradecida.
      Nem sei como não me lembrei disso antes. :))

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    2. Em defesa do lobo, tão maltratado no imaginário infantil, cito o exemplo de "O vampiro que só gostava de groselha". À luz da jurisprudência o exemplo não deixará de ser considerado. :))

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