«Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa ?»
«Que é, vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz ?»
«Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.»
«Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.»
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa ?»
«Que é, vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz ?»
«Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.»
«Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.»
Fernando Pessoa, "Guardador de Rebanhos", 1911-1912
Como é que Manuel Alegre não se haveria de inspirar neste belíssimo poema para escrever "Crónicas do vento que passa"?! ...
ResponderEliminarAgora ando numa fase de Natália Correia.
"Há sempre alguém que semeia
ResponderEliminarCanções ao vento que passa"
E como eu gostaria que alguém cantasse ao vento uma canção para mim!
O António tem a poetisa em casa. Com a esposa a escrever poemas, tem sempre a alma confortada.
Também gosto de Natália Correia. Já aqui postei "Poema destinado a haver Domingo"
"Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento."
Boas leituras.
O poema do Manuel Alegre não será "Trova do vento que passa"?
EliminarPois ...
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