Ainda o meu canto dolente
e a minha tristeza
no Congo, na Geórgia, no
Amazonas
Ainda
o meu sonho de batuque em noites de luar
ainda
os meus braços
ainda os meus olhos
ainda os meus gritos
Ainda o
dorso vergastado
o coração abandonado
a alma entregue à fé
ainda a
dúvida
E sobre os meus cantos
os meus sonhos
os meus olhos
os
meus gritos
sobre o meu mundo isolado
o tempo parado
Ainda o meu
espírito
ainda o quissange
a marimba
a viola
o saxofone
ainda os
meus ritmos de ritual orgíaco
Ainda a minha vida
oferecida à
Vida
ainda o meu desejo
Ainda o meu sonho
o meu grito
o meu
braço
a sustentar o meu Querer
E nas sanzalas
nas casas
no
subúrbios das cidades
para lá das linhas
nos recantos escuros das casas
ricas
onde os negros murmuram: ainda
O meu desejo
transformado em
força
inspirando as consciências desesperadas.
Agostinho Neto (Angola)
Este blog é para os amigos.
Aqui fica este inspirador poema de força, que um amigo me enviou há umas horas.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário