Em jeito de resposta a O.A.A.P, que na ceia de S. Silvestre me serviu uma rosa vermelha de aperitivo e um poema à sobremesa…
Somos amigos recentes (acho que permitirá que o defina assim), pois cruzámo-nos duas ou três vezes mas, porque ambos somos de palavra fácil, a conversa fluiu e a troca amigável de ideias não se fez esperar. Nada de prosa para ser tomada a sério, tudo conversa inconsequente porque os jantares em que ambos participámos foram animados e o riso correu com abundância.
Pois o meu amigo O.A.A.P. escolheu um belíssimo PPS, não criado propositadamente para mim, como é óbvio, mas respondeu, por e-mail, ao meu Post de Vinicius com um igualmente belo texto de Vinicius, numa simbiose de gentileza e sensibilidade que não deixou de me comover e acalentar a alma.
No jantar de S. Silvestre, parte da conversa versou sobre astrologia tendo-me eu afirmado absolutamente descrente sobre a questão. Mereci por isso o elogio de pouco inteligente por parte de uma das senhoras presentes, conclusão que me apressei a confirmar, porque se eu fosse inteligente as minhas razões ofuscariam a "gentileza", e não só, manifestadas pela dita senhora, em mesa alheia perante quem se via pela primeira vez. “Ah, mas eu não sou inteligente!” exclamei duas vezes, engolindo o resto, que a senhora cheia de si não entendeu, consistindo nessa circunstância o meu gozo e a partir daí, desfiz-me em mesuras para que o contraste ficasse bem definido.
Acontece que a propósito desse mesmo Post de Vinicius, pesquisei na NET, num endereço que me recomendaram e descobri, deste autor, uma obra que desconhecia: “Um signo uma mulher”, publicada em 1971, primeiramente na revista Manchete. “Como é que esta me passou?” questionei-me - e lá vou eu pacientemente à procura do que teria dito a meu respeito.
Eis o que encontrei:
Mulher de peixe… peixe é
Em águas paradas não dá pé
Porque desliza como uma enguia
Sempre que entra numa fria.
Na superfície é sinhazinha
E festiva como a sardinha
Mas quando fisga um namorado
Ele está frito, escabechado,
É uma mulher tão envolvente
Que na questão do Paraíso
Há quem suspeite seriamente
Que ela era a mulher e a serpente
Seu Id: aparentar juízo
Seu ego: a omissão, o orgulho
Sua pedra astral: a ametista
Seu bem: nunca ser bagulho
Sua cor : o amarelo brilhante
Seu fim: dar sempre na vista.
Perante isto, mesmo reconhecendo que até os poetas têm estômago e precisam de ganhar uns trocos para ir ao supermercado, cortei relações com Vinicius e em acto de desespero, conhecedora das últimas pesquisas americanas sobres signos, dando-me a razão que me tiraram no citado jantar, sobre esta matéria elevadíssima que tanto "respeito" me merece e sabendo haver mais um signo do Zodíaco, tentei subornar quem de direito para me passar para outro, o tal Serpentário, sobre o qual ainda não existirão barbaridades escritas. Não tive sorte nenhuma. Nasci pisciana e assim morrerei.
Daqui proclamo o ultimato: Vinicius, ou nasces outra vez e vens cá à Terra apagar isto ou bem podes começar a fazer das nuvens um jardim, mas semeia túlipas amarelas, porque rosas vermelhas já há cá na Terra quem me ofereça.
Se algúem tem a felicidade de lhe poder oferecer
ResponderEliminarrosas vermelhas,peça ao Vinicius que semeie túlipas também vermelhas. Penso que esta côr dá melhor consigo que o amarelo.
Ah, Amigo! O vermelho poderá ir melhor com o meu "tom de pele" com a minha efervescência, com o meu amor à vida, mas com um ramo de túlipas amarelas sinto-me com o Sol nas mãos.
ResponderEliminar