No prédio em que habito, no andar de baixo, mora um sorriso lindo de caracóis aloirados, com cerca de ano e meio, que se dá pelo nome de Salvador.
Todas as manhãs, muito cedo, o Salvador reclama. O instinto de mãe desperta-me meio neurónio para, de imediato, o outro meio me lembrar que aquele alerta não é para mim.
Não sei a que horas o oiço. Sinto-me incapaz de abrir os olhos na altura em que acontece e além disso, ver as horas obrigar-me-ia a destapar os algarismos do relógio digital que está na minha mesa-de-cabeceira. Tal como ao Super-homem a quem a criptonite reduz a força, também a luz emanada por aqueles algarismos verdes iria enfraquecer a escuridão do meu quarto e salvo as noites em que adormeço com a luz acesa e algum livro em cima do nariz, ou que durmo no sofá a “ver” os filmes do AXN, tenho sempre o cuidado de os cobrir, não vá ter “insónias” por causa da intensidade perturbadora da luz do relógio despertador…
Por pura especulação e analogia, suponho que é o Salvador do Mundo choramingando por volta das seis da manhã, por não conseguir saltar da manjedoura para os braços da Virgem Maria e volto a adormecer sorrindo.
Como é que os pobres mortais não hão-de gostar de mimo se até o Salvador precisa de ser embalado?!
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